“Homens só querem saber do próprio prazer.”
“Ele pensa que arrasa no sexo oral, coitado.”
“Meu namorado não tem
paciência para explorar meu corpo.”
Coisas assim, para desespero dos homens, são muito comuns de
ser ouvidas em rodinhas femininas. Só que as reclamações vão além do fato de
sermos exigentes ou não – a coisa é física mesmo. Ao contrário do pênis, que
fica lá, penduradão e exposto para quem quiser ver, o clitóris está escondido
dentro de um canal e debaixo de um monte de pele. E muita mulher, por mais
estranho que isso possa soar, não sente mesmo prazer com a penetração.
Quem então pode entender melhor sobre prazer feminino – e
dar as melhores dicas – do que mulheres que curtem mulheres? Chamamos para um
bate-papo Bianca Jahara, 33 anos, apresentadora do canal pago Sexy Hot, e sua
amiga Diana Balsini, 31 anos, produtora executiva, empresária, modelo e atriz.
Lindas, as duas curtem meninos e meninas (Diana, aliás, namora uma mulher).
“Nunca pensei se eu era heterossexual, homossexual. Eu simplesmente tinha
vontade e fazia”, diz Diana. “Foi com mulheres que eu aprendi a explorar mais o
meu próprio corpo e o da pessoa com quem estou transando”, conta Bianca.
Francas, elas têm várias lições que serão super úteis a você.
Qual o maior erro dos homens no meio da transa?
Bianca: Achar que o ápice do sexo está somente na penetração. Eles se esquecem
de que o aquecimento das zonas erógenas (nuca, pescoço, orelha, coxa, mamilo,
barriga, entre outras) estimula o sexo a ser muito mais prazeroso.
Diana: Achar que a mulher está morrendo de tesão enquanto
ela ainda não está. Os homens até hoje não entenderam que não se trata somente
de um ótimo sexo oral. As preliminares são um conjunto de pequenos prazeres
para deixar no ponto as duas pessoas envolvidas e gerar intimidade. A ansiedade
dos homens denota imaturidade sexual.
Qual a principal diferença no sexo oral oferecido por uma mulher?
Bianca: Uma mulher vê a outra quase como um espelho, toca na outra como se
tivesse tocando em si mesma. Ela conhece cada detalhe e sabe o que não pode ser
esquecido. A relação é praticada com calma, sem o afobamento comum dos homens,
que costumam acreditar que, com um bom sexo oral, a mulher vai gozar em 5
minutos. Eles não entendem que, quanto mais o local é estimulado, mais intenso
é o orgasmo feminino.
Diana: Não é também toda mulher que sabe fazer, existem
várias péssimas, assim como tem uns 40% dos homens que fazem maravilhosamente
bem. Mas acredito que a diferença esteja na sensibilidade, no tato. Toda mulher
é diferente entre si e deve ser trabalhada artesanalmente. Essa busca pelos
pontos já deixa qualquer mulher louca. E jamais ir direto ao ponto é uma arte.
Há que seguir calmamente numa tortura explícita.
O que só uma mulher é
capaz de oferecer na cama a outra?
Bianca: Já dizia Nelson Rodrigues que toda mulher é um pouco namorada lésbica
de si mesma, né? Eu diria que uma mulher oferece a outra um tipo de delicadeza
que quase nenhum homem consegue ter. Eles normalmente acreditam que o poder
masculino está em demonstrar sua força por atos mais brutos e selvagens, e se
preocupam apenas em fazer mil posições sexuais. Mas eles não prestam atenção
que, quando a relação é moldada por muito cuidado e delicadeza com o corpo do
outro, ela vai muito além do simples ato sexual.
Diana: Homens e mulheres bons de cama sempre oferecem um
sexo inesquecível. Isso vai depender da química entre os participantes. Uma
mulher pode, sim, ter mais tato, sensibilidade, feeling para entender o que a
outra quer. E, por isso, manter um diferencial sustentável em relação aos
homens. Mas mulher também tem pegada e, se fizer o que sabe com uma parceira à
altura, não há homem que a alcance.
Alguma mulher já fez
algo na cama surpreendente?
Bianca: Acho o sexo com uma mulher mais sensitivo. Confesso que foi com uma
mulher que tive a melhor experiência sadomasoquista. Presa e apanhando com um
chicote, eu consegui me entregar mais tranquilamente.
Diana: Algemas, brinquedinhos, posições… Olha, ainda não fui
surpreendida por ninguém, tirando algumas, ou melhor, várias situações engraçadas.
Posso dizer que já quase quebrei a mão com uma que só gozava “tantricamente”,
um contorcionismo jamais visto! [risos]
Mas os homens têm lá
suas vantagens, né? Para vocês, qual é a maior delas?
Bianca: A penetração é a maior vantagem. Me afirmo heterossexual porque o auge
para mim está na pegada masculina aliada ao momento do encaixe. Só que nem
sempre essa penetração é tão prazerosa porque o cara não dá valor às
preliminares.
Diana: Têm, claro. Não vejo como vantagem, mas o pênis é
sempre bem-vindo. Se fosse no queixo, toda mulher seria extremamente feliz
[risos].
Falando nisso, qual
exatamente é a importância da penetração?
Bianca: Muito importante. Quando o homem sabe me aquecer para que eu chegue ao
clímax, é o ápice da relação.
Diana: Depende do que a mulher gosta. Para mim, no caso, é
bem importante – mas só depois que eu estiver já “daquele jeito” [risos]. Tem
mulher que só consegue atingir o orgasmo com a estimulação no clitóris e sem
penetração. Mas a maioria precisa das duas coisas ao mesmo tempo. Uma minoria
consegue só com penetração.
Que zonas do corpo
feminino são negligenciadas pelos homens?
Bianca: Está mais do que na hora de eles saberem que nossas zonas erógenas
também podem ser encontradas nas orelhas, nuca, dedos dos pés, seios, parte
interna das coxas e barriga.
Diana: Os homens, em sua maioria, estão tão preocupados com
a penetração em si que esquecem de apreciar o corpo feminino. Toda mulher deve
ser vista como uma aula de anatomia palpatória: nuca, orelha, clavícula, gradil
costal, pelve… Basta querer dar prazer a ela em vez de só pensar em
satisfazer-se. A palavra de ordem é “troca”.
Toda mulher que já teve uma relação lésbica fala da
importância da língua. Qual a melhor forma de usá-la?
Bianca: O homem acha que o clitóris é um botão de liga-desliga para o orgasmo.
Porém, a vagina tem mil pontos de prazer em velocidades muito mal exploradas.
Com poucas exceções, diria que os homens não sabem fazer sexo oral e ponto.
Outro local para ser estimulado pela língua são os mamilos.
Diana: Não existe aula disso. Tem que ter feeling e
comunicação. Se o que você, homem, estiver fazendo não surtir efeito, basta
perguntar. Nenhuma mulher vai te achar idiota por isso – vai é te achar fofo
por ver seu interesse real em satisfazê-la. [Diana lembra que falou sobre isso
em seu blog OPS DiDi.]
E como usar os dedos?
Bianca: E na hora da penetração também os dedos e as mãos não podem ser
esquecidos. O resto do corpo tem que continuar a ser explorado.
Diana: Os dedos precisam estar em sincronia com o desejo da
mulher, mas entram na história, para ajudar no sexo oral, beeeem depois. Tem
mulher que gosta de um dedo, outras de dois (acho que a maioria) e algumas de
três ou mais. Parados ou em movimento, os dedos devem estar lá no momento
adequado – e a língua atua paralelamente.
Qual a melhor forma de lidar com o clitóris?
Bianca: Não adianta focar só nele. A combinação do prazer que a estimulação do
clitóris propicia com a dedicação à exploração de outras partes do corpo da
mulher, e até da própria vagina, pode ser o “combo” ideal para um orgasmo –
que, aliás, pode nem precisar da penetração.
Diana: Tratando-o MUITO bem, com MUITA dedicação [risos].
E toda mulher gosta de pegada?
Bianca: Sim, porque se sente dominada, e essa sensação dá muito prazer. A
submissão da mulher pode virar uma deliciosa brincadeira a ser explorada pelo
corpo e pela mente, e pode-se ir muito longe nessa fantasia.
Diana: Acho que a gente gosta de pegada porque denota
atitude. Mas alternar as responsabilidades também é legal, no jogo do frágil e
do forte. O importante mesmo é viver o amor, seja do jeito que for.
A massagem perfeita para Diana
“Uma vez, a pedidos, fiquei de bruços e recebi a melhor massagem da vida. Não
sei se é porque estava apaixonada [risos], mas ela conseguiu fazer uma massagem
milimétrica com o queixo, exatamente por onde deslizariam as mãos. Foi divino e
muito erótico.”
A massagem perfeita para Bianca
“Comece pelo pescoço para aliviar o stress. Depois, suavemente, escorra as mãos
pelas costas dela até chegar à lombar. Continue deslizando as mãos pela parte
interna das coxas até os pés. Lambidas e chupões são bem-vindos. O caminho
inverso pode ser feito com os lábios até a vagina, onde a brincadeira começa de
fato.”
Fonte: Com informações da Revista VIP
Publicado Por: Fábio Carvalho