“Eu não sabia que não poderia abençoar uma união
homoafetiva. Abençoei os noivos na semana passada e celebraria outro casamento
gay sem nenhum problema”, diz o bispo católico, Dom Fernando Pugliesi, que
realizou o primeiro casamento homoafetivo de Alagoas. Após conceder a bênção,
na última sexta-feira (23), o bispo foi suspenso da ordem, segundo comunicado
no site oficial da instituição, que é dissidente da Igreja Católia Apostólica
Romana.
De acordo com o bispo, ele estava um pouco afastado da ordem
por problemas de saúde e foi procurado pelo casal para realizar a cerimônia.
“Eles me procuraram e ouvi a história deles. São pessoas humildes e eu senti a
necessidade de abençoá-los. Se eu tiver bem de saúde e outro casal me procurar,
eu celebro sim a união”, afirma.
Sobre a suspensão da ordem, Dom Fernando diz que presta
serviços à Igreja Católica Apostólica Brasileira há mais de 40 anos e acredita
que não deveria ser suspenso. "Acho uma loucura me punirem porque abençoei
a união deles. Até agora não recebi nenhuma notificação da Igreja sobre o caso,
quando chegar decido o que vou fazer. Tenho 82 anos e muito tempo de serviço
prestado. Estou muito tranquilo sobre esse assunto", reforça.
Com a suspensão, Pugliese não poderá realizar nenhum
sacramento em nome da Igreja Católica Brasileira, como rezar missas e realizar
cerimônias. De acordo com o Bispo Diocesano Dom Walbert Rommel Coêlho Galvão
Barros, ele deve apresentar defesa para o Superior Tribunal Eclesiástico da
Igreja em até 30 dias. Ainda segundo ele, caso Pugliese não apresente a defesa,
corre o risco de ser excomungado.
Otávio Oliveira, que teve o casamento realizado por Dom
Fernando na semana passada, disse à reportagem do G1 que como o bispo não foi
comunicado formalmente da suspensão, não quer se manifestar sobre o assunto.
Em nota, a Igreja informou que "não é contrária às
conquistas na sociedade pela igualdade e isonomia entre as pessoas", porém
considera o comportamento sexual humano sacramental por natureza, podendo
somente ser celebrado religiosamente casamento entre homem e mulher.
A Igreja ainda informou que Pugliese não teve liberação da
instituição, nem dos demais bispos conciliares, sendo a aprovação da cerimônia
totalmente desconhecida pelo Conselho Episcopal e por todo o Concílio dos
Bispos.
"Tal atitude é um ato espontâneo, irreverente e rebelde
do bispo, que segundo suas opiniões pessoais faz uso irresponsável do dom que
lhe foi concedido, de forma abrupta o distribui, de forma autoritária e
rebelde", diz a nota.
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