
Segundo os primeiros resultados oficiais, conhecidos quando
foram contados um terço dos boletins, 65 por cento dos eleitores votaram
"sim" à pergunta sobre se a Constituição deveria definir o casamento
como "uma união entre um homem e uma mulher". A taxa de participação
ainda não foi divulgada, mas três horas antes do fechamento das urnas a Comissão
Eleitoral revelava que rondava os 26%, muito abaixo dos 33,8% registados à
mesma hora no referendo de 2012 à adesão da Croácia à União Europeia, escreve a
AFP.
Os resultados surgem sem surpresa num país de 4,2 milhões de
habitantes onde a Igreja Católica mantém forte influência e a religião é um dos
fatores da identidade nacional. O Governo de centro-esquerda mobilizou-se nos
últimos dias contra a emenda constitucional e, já depois de votar, o
primeiro-ministro, Zoran Milanovic, lamentou que o país tenha sido arrastado
para "um referendo triste e aberrante". "Espero que seja a
última vez que tenhamos de organizar um escrutínio desta forma sobre estas
questões."
Mas para Tomislav Karamarko, líder do HDZ, a maior formação
da direita nacionalista, a consulta destina-se a "proteger os valores
tradicionais" face a imposições externas. "Não se trata de ameaçar os
direitos dos outros, mas de manter o direito a ser quem nós somos.
Infelizmente, para isso temos de introduzir na Constituição uma coisa que, à
partida, seria natural", afirmou.
No pólo oposto, Eugen Pusic, activista dos direitos dos
homossexuais, lamentou que a Croácia, membro da UE desde Julho, tenha
"recorrido a métodos democráticos para ameaçar os valores fundamentais da
democracia". "As pessoas que não têm nada a perder e já estão
casadas, querem dizer aos outros como devem viver", indignou-se também o
ator Vili Matula, que fez campanha pelo "não".
A Croácia percorreu um longo caminho desde que, em 2002, a
primeira Parada de Orgulho Gay terminou com agressões a participantes. No ano
seguinte, o país reconheceu as uniões civis entre casais homossexuais, com
direitos idênticos aos heterossexuais na mesma situação.
Fonte: Público de Portugal
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