A Câmara dos Comuns aprovou, em votação final, o casamento entre pessoas do mesmo
sexo (366 votos a
favor e 161 contra), mas aquela que é a bandeira da
modernização que David Cameron quis impor ao Partido Conservador está a
provar-se uma das batalhas mais difíceis de travar para o primeiro-ministro.
A votação foi uma derradeira formalidade antes de o projeto
ser enviado para a Câmara dos Lordes, e o seu desfecho era garantido desde que,
na véspera, foi chumbada a alteração de última hora apresentada por deputados
conservadores que se opõem à lei. A proposta visava alargar aos heterossexuais
as uniões civis – contratos criados em 2005 exclusivamente para os casais
homossexuais –, mas para o Governo o real propósito da iniciativa era adiar por
tempo indefinido o diploma.
O líder dos trabalhistas, Ed Miliband, que inicialmente se
mostrara favorável ao fim da diferenciação, acabou por ir em socorro de
Cameron, anunciando que votaria contra a alteração, num gesto que foi seguido
pela sua bancada e que selou o chumbo da iniciativa, por 375 votos contra 70.
Pela segunda vez numa semana, Cameron conseguiu evitar a
derrota no Parlamento, mas apenas porque a oposição (bem como os
liberais-democratas, parceiros de coligação) vieio em seu auxílio – uma posição
que não é só desconfortável como perigosa, escreveu o Guardian. O jornal
lembrou que, em 2006, Tony Blair foi forçado a anunciar uma data para a saída
do poder, meses depois de ter ficado dependente dos conservadores, então na
oposição, para aprovar uma decisiva reforma na educação.
A clara maioria com que foi aprovada (366 votos a favor e
161 contra) torna improvável que o casamento gay seja barrado na Câmara dos
Lordes, mas se o diploma sofrer grandes alterações terá de regressar aos Comuns
para nova votação, o que atrasaria a entrada em vigor de uma lei que o Governo
quer finalizar até ao Verão. O novo período deverá também ser aproveitado por
altas figuras dos tories e pelos bispos da Igreja anglicana (com assento na
Câmara dos Lordes) para reafirmarem a sua oposição à lei. O antigo presidente
do partido conservador Norman Tebbit já veio dizer que tornará possível que o
Reino Unido no futuro tenha “uma rainha lésbica, que decida casar-se com outra
mulher, e um herdeiro fruto de uma inseminação artificial”.
Fonte: UOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário