quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Parole, parole, parole!*


Dizer e ouvir Eu te Amo é bom sim; mas nem sempre.


Em uma conversa com o pai de um amigo, casado há 40 anos, ouvi sábios conselhos e ensinamentos dentre eles, um ficou marcado:

 “Minha mulher reclamava no começo do nosso casamento que eu sou bruto, que não dizia "eu te amo", mas com o tempo ela viu que eu era um bom pai, um bom marido, que nunca deixei faltar nada em casa. Aí ela falou que o que importa mesmo é dia-a-dia".

Quantos "eu te amos" são necessários para se construir uma relação?

Já dizia minha mãe:

- Filha, nunca pergunte para alguém "você me ama?". Essa pergunta coloca a pessoa em uma situação difícil, caso ela não ame, entende?

Conheço inúmeras pessoas que se escondem atrás do "eu te amo" diário, que vem quase como uma obrigação matrimonial e que de amor raramente tem alguma coisa. São "eu te amos" vazios, mecânicos, que mantém a falta de cuidado, de carinho, de atenção, a preocupação sincera sob segundo plano.
- Eu não te dou carinho, mas eu digo eu te amo. 
- Eu não me importo se você está bem ou não, mas eu digo eu te amo.
- Eu sequer lembro que você existe durante o dia, mas eu digo eu te amo.

Pior do que o "eu te amo" banal, é o "eu também" osmótico, que faz ainda menos sentido que o primeiro.

- Eu te amo.
- Eu também. Me passa o sal?

O mais incrível é que para algumas pessoas o amor só existe se for dito. Elas não conseguem enxergar sentimento nos pequenos detalhes.

- Fiz aquela comidinha que você tanto adora! – Em outras palavras: fiquei duas horas no fogão preparando algo que irá te agradar, porque gosto de te ver feliz.
- Passei na frente da vitrine e tive que comprar essa blusinha para você! – Traduzindo: sempre tem algo que me faz pensar em você, onde quer que eu esteja.
- Sei que você não está bem. O que eu posso fazer para te ajudar?

O amor verdadeiro está naquele abraço que te conforta, no olhar cúmplice, nos mimos, nas noites sem dormir preocupada com ela (e), em apertar o orçamento pra levá-la (o) pra jantar, em rir juntos das dificuldades, em procurar juntos as soluções, em fazer qualquer coisa para vê-la (o) sorrindo, em doar o coração se ela (e) precisar de transplante.  É claro que "eu te amo" também está na verbalização, mas ele é complemento das atitudes.

Cuidado para não deixar de ver o amor onde ele realmente existe. Ouça o "eu te amo" que vai além das palavras. Se sua companheira (o) for "bruta" (o) como o pai do meu amigo e raramente disser "eu te amo", observe o dia-a-dia de vocês, veja como ela (e) te trata, se ela (e) cuida de você, se faria qualquer coisa para te ver bem.

"Eu te amo" sem atitude é como parlava mia nonna vecchia:

- Parole, parole, parole!*

Texto escrito por Nina Lopes

* Apenas palavras – Falação, falação, falação.

Um comentário: