“Como já é de conhecimento de muitos, o site da Câmara
do Deputados está promovendo uma enquete em que se pergunta se o internauta
concorda ou não com a definição de família como a união de homem e de uma
mulher. De saída, a enquete, que faz referência ao Estatuto da Família,
patrocinado pela bancada fundamentalista, já é em si um erro por promover um
projeto de lei inconstitucional e por fazer uma pergunta que induz muitas
pessoas a votarem pelo ‘sim’ mesmo sem concordar com o projeto do Estatuto.
Preocupado com o desenrolar da enquete, o grupo LGBT Brasil montou uma comissão
para acompanhar as votações na enquete e chegou a conclusões estarrecedoras: A
enquete estaria sendo manipulada e adulterada para dar uma falsa legitimidade
ao projeto conservador de estatuto da família em tramitação na Câmara”, diz o
documento do grupo enviado ao Blogay.
O LGBT Brasil monitorou a enquete desde fevereiro
deste ano e descobriu dados suspeitos como oscilações e saltos nas votação.
“Houve, portanto, três saltos na votação do ‘não’ e pelo menos um salto na
votação do ‘sim’ sem razões plausíveis que os justificassem, chegando a um
patamar de supostas votações que nem mesmo as mais populares petições da
internet chegaram, apresentando um nível de adesão comparável às maiores
petições de interesse mundial promovidas por sites especializados como o
Avaaz”. afirmam.
Eles sugerem três motivos para a manipulação:
“1. Mesmo com repetição de votos, 2,2 milhões de votos
dados à opção ‘não’ seriam suficientes para alavancar as assinaturas da
iniciativa popular pelo Estatuto da Diversidade patrocinada por Maria Berenice
Dias que, em petição pública, não chega a 25 mil assinaturas.
2. Após o último salto de votações, que em 20 dias deu à
enquete um montante de cerca de 1,8 milhões de votos (em um total de 4,4
milhões de votos distribuídos por 10 (!) meses), aproximou as duas opções para
empate técnico, chegando a opção pelo ‘não’ ultrapassar com larga vantagem a
opção pelo ‘sim’. Nestes últimos dias, a opção ‘sim’ aproxima-se da outra com
montante de votos insignificantes, conforme se pode observar nos gráficos e
tabela (veja
aqui), comprovando o desinteresse pela votação na opção ‘não’. A sucessiva
alternância de velocidade no avanço das opções sugerem controle sobre a
votação, mesmo tendo as mais populares lideranças LGBTs insistido na falta de
legitimidade da enquete. Só os votantes da opção ‘sim’ têm interesse em exibir
tão grande votação.
3. A análise dos gráficos e tabela de dados da monitoração
diária, comparados à divulgação que a enquete obteve, mesmo com a divulgação da
grande mídia como se pode extrair do Google, não explica uma votação tão
exagerada, antes, contradiz a própria votação”.
O grupo entrou com representação no Ministério Público
e a denúncia foi encaminhadas à ouvidoria da Câmara. “Em resposta à solicitação
da Procuradoria, a ouvidoria da Câmara encaminhou, como parte da defesa da
coordenadoria de Participação Popular da Secretaria de Comunicação da Câmara, o
resumo de um dia em que 40 IPs foram responsáveis por 40.000 votos. O que era
para ser uma defesa, mostrou apenas o quanto a enquete é falha, permitindo que
um mesmo computador possa votar milhares de vezes; ou seja, uma enquete que tem
4 milhões de votos, pode ter apenas 40.000 votos reais ou menos!”
O grupo pede maior transparência e cuidado com as
enquetes futuras feitas pelo site da Câmara.
“Só não posso deixar de observar que o autor, o
relator e a maioria da comissão pretendem com esse PL inconstitucional
desacreditar um dos Três Poderes da República, o Judiciário representado pelo
STF, negando decisão unânime do STF em relação ao conceito de família. O que
pretende a bancada evangélica tentando que a nação rejeite decisões supremas?
Querem acabar com o STF?” questiona Benjamin ao blog da Folha.
O Blogay entrou em contato com o site da Câmara e até agora
não recebeu uma posição sobre a denúncia do grupo.Fonte: Blogay
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