Homossexuais católicos têm fé de que o Papa Francisco faça
algum pronunciamento sobre a relação entre
os gays e a igreja durante a Jornada
Mundial da Juventude (JMJ), que será realizada no Rio de Janeiro na próxima
semana. Alguns irão ao encontro do pontífice em Aparecida (SP) e outros
realizarão atividades paralelas como encontros e debates.
O filósofo Luiz Ramires Neto, 53 anos, conhecido como Lula,
integra a Pastoral da Diversidade. Católico, ele assumiu ser gay quando ainda
estava na universidade, onde estudava filosofia como preparação para ser padre.
"Acabei me afastando da igreja. Ninguém me disse para sair, mas achei que
seria mais coerente me afastar um pouco. Não que eu tenha perdido a fé, tenha
deixado de fazer minhas orações e ir à missa com meus pais."
Em entrevista ao G1, Dom Geraldo Majella explicou que a
igreja não proíbe a participação de homossexuais e que não exigirá de ninguém o
abandono imediato das práticas homossexuais, já que considera "não ser
fácil passar de um caminho para outro sem que haja uma conversão
interior".
A vinda do Papa Francisco para a JMJ trouxe o assunto à
tona, apesar do debate ser antigo e da Igreja Católica sempre se posicionar
contrária a esse comportamento, há uma expectativa de que o pontífice trate do
tema em um de seus pronunciamentos no Brasil.
Essa é a opinião do padre Roberto Francisco Daniel, que foi
excomungado depois de declarar apoio aos homossexuais, em Bauru (SP).
"Acho que será difícil a Igreja Católica rever questões morais e anunciar
mudanças significativas durante um evento como a Jornada Mundial da Juventude.
Não acho que este seja momento para ele apresentar alguma mudança essencial.
Ele vai apoiar as manifestações que aconteceram no Brasil, mas não vai mudar
nada em termos de regras morais da igreja."
Daniel disse ainda que o Papa "foi voto vencido quando
a Igreja Católica argentina discutiu o casamento igualitário. Ele votou a favor
do casamento [homossexual], mas ele tem uma cabeça com pé no chão, é realista.
Ele tem outros desafios como arrumar a casa do Vaticano."
O padre afirmou ainda que "ele [Papa Francisco] tem um
discurso parecido com o da Igreja Católica da década de 1960, 1970 e 1980,
sobre a teologia da libertação. Enquanto isso, os jovens pertencem a movimentos
mais espiritualistas, de renovação carismática. Não sei como eles receberão a
mensagem dele."
Fonte: G1
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