Anualmente, a revista Lado A apresenta a lista “Os 10
inimigos públicos dos gays no Brasil”, este ano será a terceira edição.
Selecionamos, por meio de uma indicação feita por 10 militantes gays
convidados, e publicamos por ordem de importância, as 10 pessoas que mais se
destacaram na mídia com palavras e ações contra os direitos e a dignidade de
cidadãos homossexuais no Brasil. Tais manifestações ajudam a aumentar o
preconceito social, usam da desinformação para reforçar estereótipos e criar um
estigma, e fazem frente contra a luta pela igualdade de direitos da comunidade
gay.
Essas 10 pessoas são responsáveis por disseminar o
preconceito, a ignorância, e colaborar para que a violência e discriminação
contra a comunidade homossexual se perpetue no país. Como resultado, temos a
cada 26h uma morte violenta de homossexual (GGB), casos diários de
espancamentos e tentativas de homicídio, bullying nas escolas contra jovens
homossexuais ou mais sensíveis, gays sendo expulsos de casa ou vítimas de
violência dos pais, e ainda casos de suicídios.
As pessoas abaixo listadas não se consideram homofóbicas,
mas são parcialmente responsáveis pelo preconceito e da discriminação que
atinge todos os âmbitos da vida de um homossexual ou transgêneros no Brasil. A
questão religiosa tem um forte peso, pois a maioria dos inimigos públicos dos
gays no país usa a religião como justificativa para segregar pessoas e o fazem
se valendo da liberdade de expressão e liberdade religiosa, novamente de forma
errônea.
A lista deste ano
traz pela primeira vez três mulheres. A psicóloga paranaense Marisa Lobo, que
luta pelo direito de tratar a homossexualidade segundo sua visão cristã; A
cantora Joelma que comparou um homossexual com um viciado em drogas e ainda a
presidente Dilma que vetou o projeto Escola sem Homofobia e depois de dois anos
não se manifestou sobre o tema, após ter afirmado que “o governo não pode fazer
propaganda de opção sexual”. O movimento gay cobra uma posição da presidenta,
mas a mesma foge e não se manifesta publicamente sobre o tema. No último dia 28
de Junho, porém, a presidenta se reuniu com o movimento e deu sinais positivos
de entender a questão, mas seu governo ainda está aquém do ideal para a
comunidade gay e a votação, feita antes do tal encontro, sugere este
descontentamento.
O júri convidado é mantido em segredo. Os mesmos podem
declarar a participação livremente, se assim desejarem.
“Os 10 Inimigos públicos dos gays no Brasil 2013"
1 – Marisa Lobo Franco Ferreira Alves, Psicóloga
A psicóloga Marisa Lobo, membro da Igreja Batista de
Curitiba, foi a público depois que foi denunciada no Conselho Regional de
Psicologia por utilizar o termo “psicologia cristã” e defender publicamente a reversão
da homossexualidade. Ela afirmou que não considera a homossexualidade normal e
se refere a si como “nós, pessoas normais”, defende a Bíblia como argumento e
diz que a homossexualidade é um comportamento. Ameaçada de ter seu registro
cassado pelo Conselho Federal de Psicologia, ela ganhou mídia e apoio de
políticos evangélicos em sua cruzada pela “cura gay”. O marido possui uma feira
evangélica, e ela explora o filão por meio de livros e seminários, mas nega que
tenha tratado algum gay.
2 – Dep. e pastor Marco Feliciano (PSC – SP)
O deputado paulista e dono de sua própria rede de igrejas,
conhecido por suas declarações racistas e homofóbicas, a qual nega, esteve
presente em nossas listas anteriores. Ele galgou a presidência da Comissão de
direitos humanos na Câmara para pregar sua fé e defender projetos como o da
“cura gay” e a derrubada da decisão do Conselho Nacional de Justiça que
permitiu o casamento gay em todo o país. Entre suas declarações está o de que
os heterossexuais e evangélicos que são discriminados no país e a existência de
uma “ditadura gay”. O deputado é autor de um projeto para o Dia do Orgulho
Hétero e tem intenções de se candidatar à presidência.
3 - Pastor Silas Malafaia
Um dos pastores evangélicos mais ricos do país, Silas
Malafaia adora usar o tema da homossexualidade para se projetar. Fã do termo
“ditadura gay”, psicólogo por formação, é a favor do projeto de cura gay.
Aliás, ele mesmo defende que a homossexualidade é um comportamento que pode ser
modificado. Com diversos programas em redes de TV, ele chegou a traduzir um
livro homofóbico por meio de sua editora. Participa de debate contra a
homossexualidade que, segundo ele, é uma “abominação”.
4 – Dep. João Campos (PSDB – GO)
Menos carismático e não tão bom na oratória quanto os outros
políticos, este tucano é autor do Decreto Legislativo PDC 234/11, que visa
suspender artigos de resolução (Resolução 1/99) do Conselho Federal de
Psicologia que proíbem psicólogos de propor tratamento da homossexualidade, o
chamado “cura gay”. O deputado também é autor de um Decreto Legislativo para
convocar um plebiscito sobre o casamento gay no país. Preside a Frente
Parlamentar Evangélica na Câmara.
5 - Senador Magno Malta (PR- ES)
Presidente da "Frente Parlamentar em Defesa da Vida e
da Família” e velho conhecido da nossa lista, o senador se manifesta contra o
casamento gay e prometeu mover ação de inconstitucionalidade contra o STF e o
CNJ por causa do casamento gay. Já afirmou comparou gays a pedófilos e disse
que a propaganda da homossexualidade estimula a pedofilia.
6 – Dep. Jair Bolsonaro (PP – RJ)
Autor de termos como “Ditadura Gay” e “Cartilha gay”.
Bolsonaro é conhecido por chamar gays de aberração, e a dizer que homossexuais
são pedófilos no plenário da Câmara, ele quem começou toda esta onda de usar a
mídia com declarações homofóbicas para se auto promover. Apesar de discreto nos
últimos tempos, ele e seus filhos, um é vereador e outro deputado no Rio, não
perdem uma chance de fazer chacota com homossexuais e a posar de macho alpha.
7 – Cantora Joelma Mendes, da Banda Calypso
Não foi uma mas duas vezes as declarações homofóbicas de
Joelma. Evangélica, em uma ela brincou com um fã dizendo que papai do céu ia
ficar feliz se ele virasse “homem”. Na outra, este ano, disse que conhece
pessoas que deixaram de ser homossexuais mas que a recuperação era como a de
drogados, e que a Bíblia diz que não é correto ser gay.
8- Dep. Antony Garotinho (PR-RJ)
O ex-governador do Rio de Janeiro, o deputado federal
evangélico Garotinho, chegou a chantagear o governo federal para a retirada do
Kit Escola Sem Homofobia, causando uma crise no governo. O kit foi retirado e
até hoje as escolas não possuem um programa de combate a discriminação e ao
bullying. O deputado vota contra todo projeto de lei a favor da comunidade gay
e articula com a bancada evangélica as ações, mas não coloca mais a cara à
frente na maioria das vezes, já que tem ambições políticas grandes.
9- Emerson Eduardo Rodrigues Setim
Condenado a 6 anos, 6 meses e 5 dias por disseminar ódio e
preconceito a negros, judeus e homossexuais na internet, este curitibano e um
amigo de Brasília foram alvo da operação Intolerância, da Polícia Federal. Eles
eram responsáveis pelo blog Silvio Koerich que defendia a pedofilia, estupro de
lésbicas, e outros pensamentos racistas e homofóbicos. Depois de cumprir mais
de um ano, enquanto aguardava julgamento, foi solto em junho. Agora Emerson
Eduardo Rodrigues Setim se diz religioso e afirma que foi traído e injustiçado.
10 – Presidente Dilma Rousseff
A presidenta do Brasil não dirigiu palavra aos homossexuais
desde que assumiu seu mandato e parece ignorar o cotidiano de homossexuais no
país. Dilma Rousseff seu governo houve um entrave no Legislativo e no
Executivo, embora o Judiciário tenha garantido diversos direitos para a
comunidade gay. Não faltasse uma palavra de esperança, ao vetar o projeto
Escola sem Homofobia, em 2011, a presidenta deixou claro que seu governo não
faria propaganda de opção sexual que fosse. Dilma também não se manifestou com
as decisões favoráveis aos gays da Justiça Brasileira, ou contra políticos
homofóbicos. “Se não quer ajudar, apenas não atrapalhe”, já dizia o dito
popular.
Fonte: Revista Lado A
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