A atriz Gloria Pires sinaliza pedindo um minuto,
enquanto termina de falar ao celular. “Também acho que
estaria muito bem
representado”, responde ela, enquanto agradece os elogios à sua atuação e
encerra a ligação.
Do outro lado da linha, a ministra da Cultura, Marta
Suplicy, ligava para dizer que o filme “Flores Raras” tinha tudo para
representar o Brasil na disputa por uma indicação ao Oscar, em 2014.
Gloria concordou.
Gloria concordou.
A ministra assistiu ao filme durante um festival de cinema
brasileiro, em Lisboa. Baseado no livro “Flores Raras e Banalíssimas“, de
Carmen Lucia de Oliveira, o longa estreia em 16 de agosto e promete surpreender
o público acostumado a ver Gloria Pires na TV.
No papel de uma mulher de personalidade forte, ela seduz
Elizabeth Bishop, interpretada pela atriz australiana Miranda Otto. A química
parecia estar presente. Gloria conduz a cena de sexo, beijando e segurando com
intensidade sua parceira.
“Gostei muito do resultado da cena”, conta a atriz, aos
risos. “Quando você vive uma personagem, o seu querer precisa ser o dela.
Precisa ver seu parceiro de cena com os olhos de amor, de paixão, de atração,
necessários ao momento daquela história.”
A única dificuldade, diz ela, foi o frio. “Naquela noite fez
seis graus [na região serrana do Rio]. Era esse o desconforto. Mas acho que não
transpareceu, porque existia um frêmito na cena por conta dessa excitação
delas, desse encontro.”
Elizabeth Bishop desembarcou no Rio, em 1951. Seu romance
com Lota retrata um pouco do passado carioca. No período em que estavam juntas,
a arquiteta conduziu a construção do parque do Flamengo, no local onde até
então só havia um aterro.
Para construir a personagem, além de se basear no livro,
Gloria pesquisou outros documentos da época. Chegou a sugerir a inclusão de uma
cena em que Lota convence o então governador Carlos Lacerda a
priorizar a construção do parque. “Pedi ao Bruno para incluir o diálogo para
mostrar a intimidade entre os dois. Costumo brincar que eles faziam roupas no
mesmo alfaiate”, diz.
Outro projeto recente da atriz é o filme sobre a trajetória
da médica alagoana Nise da Silveira, consagrada por transformar o
tratamento da esquizofrenia no Brasil. “Ela leu tudo sobre a personagem.
Construiu um retrato muito fiel. Muitas vezes, contestava: ‘A Nise não diria
isso’”, diz Roberto Berliner, o diretor do filme (com lançamento previsto para
o ano que vem).
Gloria deu entrevista à Serafina em um restaurante
perto de sua casa, no bairro do Itanhangá, zona oeste do Rio. Mora com o marido
Orlando Morais e os filhos Antonia, Ana e Bento. Cleo
Pires, a mais velha, vive sozinha.
Pires, a mais velha, vive sozinha.
Discreta, manteve o mesmo tom de voz, suave, ao longo de
toda a conversa. “Você é muito delicada para ser a Lota”, Gloria chegou a ouvir
no encontro com uma ex-vizinha da arquiteta carioca.
“Ela podia ser uma mulher que falava alto, que usava roupas
masculinas. Mas, ao mesmo tempo, sempre foi muito amorosa com todos ao seu
redor”, diz a atriz.
Fonte: EXTRA
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