Do encontro surgiu a oportunidade de armar um projeto fotográfico sobre a vida dos homossexuais no país.O que Denver e os fotografados não desconfiavam é que dois anos depois, após a aprovação da lei que criminalizada a homossexualidade em Uganda, estas mesmas fotos seriam usadas contra eles e estampadas nos tabloides nacionais, armando uma caça aos gays no país. “Foi um ato de coragem dos ugandenses participar desse projeto. Eles sabiam que as fotografias estariam na internet. Discutimos muito sobre as consequências se as fotos fossem vistas em Uganda”, conta.
O trabalho, em 2012, foi publicado pela revista “The
Advocate”, a publicação LGBT mais antiga dos EUA, como forma de expor a
dolorosa vida de perseguição que os gays vivem em Uganda. Os anos passaram, e
em fevereiro de 2014, dois dias depois da lei anti-gay ser aprovada pelo
presidente de Uganda, Yoweri Museveni, uma foto feita por Denver estampa a capa
do maior tabloide ugandense, o “Red Pepper”, com a manchete “A homossexualidade
pode causar doenças mentais, alerta médico”. As fotos eram de Denver e de
acordo com ele, “o jornal não pediu autorização para publicá-la”.
“O pior momento para mim e meus amigos ativistas ocorreu no
dia 28, quando o ‘Red Pepper’ republicou, novamente sem a minha permissão, a
versão do meu ensaio fotográfico para a revista americana. A reportagem tinha o
título ‘Conhecidos gays ugandenses contam francamente: como nos tornamos
homossexuais’.”Denver ainda diz que seu nome foi colocado nos créditos como “se eu fosse um dos repórteres do jornal. Algumas palavras foram mudadas e as fotos editadas para tirar a minha marca d’água”.Na publicação do “The New York Times” e traduzida no jornal brasileiro “Estadão” na última quinta-feira, 20 de março, Denver diz que seus amigos que foram fotografados por ele estão “desesperados.
Elijah, que vivem em Uganda, contou-me que estava no
trabalho quando colegas se aproximaram com um exemplar do jornal. O grupo encolerizado
expulsou-o dali em meio a gritos e ameaças. Quando eu o contatei, ele caminhava
pelas ruas de Masaka, cidade distante várias horas de ônibus da sua casa. ‘O
que devo fazer?’, ele gritou no telefone. ‘Perdi tudo’”.
Fonte: Mix Brasil
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