quarta-feira, 19 de março de 2014

Banco Mundial avalia os impactos econômicos em países que colaboram com a homofobia

 “Excluir minorias sexuais não é só uma tragédia humana, mas também um custo econômico que as sociedades impõem para si mesmas.” Esta é a afirmação do presidente do Banco Mundial, o sul-coreano Jim Yong Kim, e serviu como largada para o evento “O custo econômico da homofobia”, organizado na última quarta-feira, 12 de março, na sede da instituição em Washington DC, nos Estados Unidos.

Como exemplo, foi citado o caso da Índia, que recentemente aprovou uma lei criminalizando a homossexualidade no país, gerando uma verdadeira caça aos gays em todo o seu território. Lá, o prejuízo fica entre 0,1% e 1,7% do PIB - em valores, algo entre US$ 1,25 bi e US$ 7,7 bi. A estimativa varia bastante porque é difícil conseguir dados sólidos sobre o real tamanho e situação das minorias sociais: “A invisibilidade é uma estratégia de sobrevivência”, diz a professora da Universidade de Massachusetts Lee Badgett, que apresentou os dados durante a conferência.

O analista econômico do Google, Qing Wu, diz que uma dos maiores problemas é a falta de estatísticas. Ele apresentou formas inusitadas de medir a prevalência da homossexualidade – como os números de busca por material pornográfico gay ou de perguntas como “meu marido é gay?” – que possam ajudar quantificar a população gay no mundo.

No feto do problema
De acordo com a conferência, os efeitos econômicos começam com o assédio na escola, que diminui o potencial da educação. Posteriormente, o preconceito no ambiente de trabalho leva a menores salários e produtividade.

Lee revelou que homens gays nos EUA e na Europa ganham em média 11% menos do que homens heterossexuais, controladas todas as outras variáveis. Não está claro até que ponto isso é resultado da discriminação direta ou das expectativas mais baixas que eles próprios se colocam por causa da sociedade.

No caso das lésbicas, a pressão para se casar faz com que elas tenham mais incentivos para parar de trabalhar, por exemplo. Todos esses fatores contribuem para uma menor participação na força de trabalho, o que também prejudica o crescimento econômico.

Futuro
Outros impactos econômicos da homofobia são reais, mas ainda mais difíceis de medir. Já que até o Turismo pode ser afetado quando existe receptividade de homossexuais. Até o presidente do Banco Mundial reconhece que o tema enfrenta resistência dentro da própria instituição que preside. “Precisamos perceber que ainda estamos usando modelos tradicionais de família e de sexualidade nos nossos modelos de política pública para o mundo em desenvolvimento. O debate sobre a homofobia deve ser levado ao mainstream porque é uma questão do mainstream.”


Fonte: Mix Brasil

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