Proprietária de um salão de beleza, Socorrinho, de Teresina,
no Piauí, foi surpreendida na última sexta-feira por um bilhete colado em seu
carro, e não era uma multa de trânsito. No bilhete, a seguinte mensagem: “morte
aos homossexuais. Irmandade homofóbica. Afilie-se” e um número de celular para
contato. Em cima do bilhete uma suástica que deixa clara a ligação com o
pensamento ideológico nazista.
A empresária emprega diversos funcionários homossexuais,
travestis e lésbicas em seu salão de beleza. “Uma das funcionárias faz parte do
grupo LGBT Matizes, ao tomar conhecimento do bilhete foi tentado no mesmo dia
entrar em contato com o proprietário do bilhete. A funcionária disse que na primeira tentativa um homem atendeu e desligou a chamada, após este episódio não é mais possível entrar em contato com o número”, diz Marinalva Santana, presidente do Grupo Matizes, que já entrou com um requerimento na delegacia que investiga casos homofóbicos em Teresina.“Falei com o delegado ainda hoje, 27 de fevereiro, e ele disse que já está dando andamento à parte burocrática da investigação e vai pedir para a companhia telefônica responsável pelo número de celular para descobrir qual CPF cadastrado na linha”, explica Marinalva.
Assassinatos
Marinalva também diz que nos últimos dois meses houve pelo
menos três casos de assassinatos de homossexuais em Teresina. “Em dois casos
eram gays e existem semelhanças. E no terceiro caso, que foi uma travesti, ela
foi brutalmente violentada e teve afundamento do crânio.” Ela denuncia que a
polícia investiga de forma errada os casos. “Eles sempre seguem uma linha
errada de investigação. Nós sabemos que são casos homofóbicos, um crime de
ódio, mas sempre enquadram estas mortes como latrocínio ou com vínculo com
prostituição ou tráfico de drogas.”“Não sabemos se realmente existe uma ‘Irmandade Homofóbica’, mas é preciso investigar profundamente estes últimos casos para saber se existe alguma relação entre eles. É sabido que nos casos dos dois gays mortos, ambos foram vistos antes do crime com um cara conhecido na cidade como Rambo”, diz Marinalva.
Impunidade
Há três anos um grupo de jovens de classe média alta de
Teresina foi indiciado e preso por crimes de ódio contra gays. “Eles agrediram
alguns homossexuais com tacos de golfe. Mas como são de classe média alta, a
polícia acabou os soltando por suas influência na região. Isso não pode
acontecer”, faz outra denúncia a presidente do grupo Matizes.
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