Finalmente o Cinema brasileiro vai receber um personagem gay
que não é caricato, não morre no fim da história, não é quase um figurante e
não é alvo de piadas, pelo contrário, é quem as faz. Com estreia marcada para 7
de junho, “Odeio o Dia dos Namorados” traz o publicitário Gilberto (Marcelo
Saback) como um dos principais personagens da doida e divertida história que
tem ainda Heloisa Perissé como Débora, uma publicitária que vê sua vida passar
diante de seus olhos ao sofrer um grave acidente.
Gilberto é o grande amigo de Débora, e é quem a faz rever
seus conceitos sobre o que é importante ou não em sua vida. Uma mulher
endurecida pelos fatos de sua trajetória, focada no trabalho e na carreira, ela
tem ao lado de seu amigo a chance de percorrer todos os momentos importantes e
decisivos de sua vida afetiva – e decidir mudá-la ou não.
Não sem tiradas hilárias de Gilberto, que rouba a cena ao
paradoxalmente encarnar um espírito muito espirituoso. Feliz, de bem com a vida
e muito bem resolvido, ele é um gay comum, que vai, ou melhor, ia quando ainda
era vivo, à boate e não perde uma chance de dar uma boa conferida nos bofes
bonitos que atravessam seu caminho. Um pouco afetado, mas sem exageros, comum.
É ele quem ajuda Débora a se dar conta de que seu amor verdadeiro
é Heitor (Daniel Boaventura), afastado da vida da publicitária após um pedido
de casamento pra lá de frustrado. É quando, logo de cara nos primeiros 10
minutos do longa, o diretor Roberto Santucci coloca um casal gay brigando e
fazendo as pazes em seguida, com direito a um lindo beijo apaixonado, e uma
drag mais do que fervida que dá seu pequeno show com mensagens românticas de
Dia dos Namorados.
É uma comédia que extrapola o mundo heterossexual e cai de
cara no universo gay e suas várias gírias. Gilberto guia Débora por essa viagem
pela vida ao mesmo tempo em que capricha no pajubá e constrói um personagem
cheio de sentimentos e preocupações, e um pouquinho da acidez característica do
humor gay. Ele é decisivo na trama, é quem muda completamente a visão da vida
que Débora tem, e, consequentemente, o fim da história.
Com serenidade e sem exageros, ele serve de guru amoroso de
uma história comum onde um passado cheio de eventos traumáticos pode fazer com
que as pessoas percam a fé no amor, e odeiem o Dia dos Namorados e seus
ursinhos fofos, seus muitos buquês de flores e as várias e melosas mensagens de
amor. Um filme para ver a dois, ou para ver sozinho quando se esqueceu do
quanto é bom amar.
Publicado
pelo MixBrasil
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