Alunos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(UFRRJ) e participantes do grupo Levante Popular da Juventude usaram latas e
panelas para protestar contra a conduta do professor Paulo Ghiraldelli, durante
a abertura do I Semana Acadêmica de Filosofia da instituição, na última
segunda-feira, 18. Segundo os alunos, Paulo utiliza em sala de aula palavras e
discurso ofensivo contra mulheres, negros e gays.
Durante o ato, outros estudantes que participavam do debate
pediram que os manifestantes se retirassem. O professor Paulo chegou a bater
boca com os estudantes, que gritavam palavras de ordem como “professor abusa,
discrimina e dá risada e a universidade fica calada”. Em contrapartida, Paulo
puxou novo coro, com gritos de “é mentira! é mentira!”.
Na página do Levante Popular da Juventude no Facebook, um
post com o vídeo da manifestação dividiu os estudantes. Alguns defendem o
professor e lembram que ele já escreveu textos sobre minorias. Outros reafirmam
as acusações. Uma estudante postou um texto publicado por Paulo no mesmo dia da
ação, cujo título é “Diante da mulher nua, pergunto se é Friboi (marca de carne
bovina)?”, com o comentário “esse é um dos motivos”. Em seu site pessoal, Paulo Ghiraldelli, conhecido filósofo brasileiro, se defendeu das acusações. Segundo ele, embora seu trabalho acadêmico não trate especificamente de minorias, “eles são uma clara reflexão filosófica simpática aos movimentos sociais de minorias”.
No mesmo texto, Paulo também falou sobre a postura dos
manifestantes. “A universidade é lugar da conversação. A conversação pode até
ser ríspida, mas não pode ser a não-conversação, a violência. O ato dos
bandidinhos fantasiados de alunos foi de violência”. Ele fez um registro de
ocorrência na 48ª DP (Seropédica).
Em nota, a Rural informou que há uma investigação interna
para apurar as queixas dos alunos em relação ao comportamento do professor.
Confira a nota da Rural na íntegra:
“A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
informa que existe uma sindicância envolvendo o professor Paulo Ghiraldelli Jr.
Trata-se de uma investigação interna do Instituto de Educação (IE), com o
objetivo de averiguar queixas de alunos em relação ao comportamento do referido
docente.
A Universidade informa, ainda, que quaisquer acusações
formalizadas serão objeto de averiguação, seguindo prazos e normas da
legislação referente ao serviço público federal.”
A professora Flávia Braga Vieira, do curso de Ciências
Sociais, afirma que já ouviu diversas reclamações alunas contra o professor. Na
sua opinião, a manifestação foi legítima e não violenta. - Há muito tempo a gente ouve muitos alunos, principalmente as alunas, reclamando do Paulo. Que ele é muito agressivo com as meninas, com comentários ofensivos, e muitas se sentem desconfortáveis. Muitas vezes, não é uma agressão direta e como não há queixa formal individual ou coletiva, ficamos de mãos atadas. Não achei o ato autoritário ou violento, era um seminário aberto onde os alunos aproveitaram o espaço público para falar que não concordam com aquele professor e exigem uma posição da universidade.
Nestes casos, a professora sugere que os alunos se reúnam e apresentem uma queixa coletiva contra contra qualquer professor que tenha comportamento inadequado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário