Está causando polêmica o condomínio residencial destinado a LGBT com mais de 50 anos no sudoeste da França. O empreendimento do The Villages Group recebeu críticas de ativistas arco-íris, do prefeito e de moradores do vilarejo de Sallèles d’Aude, nos arredores do condomínio.
O projeto, segundo contou, à “BBC Brasil”, o diretor da
empresa, Danny Silver, só mirou os gays depois de ter encalhado. “É puro
negócio. Quando começamos a vender as casas, em junho, o mercado estava muito
fraco. Tivemos então a ideia de visar a clientela gay, com alto poder
aquisitivo”.
O condomínio para gays e lésbicas terá 107 casas
“ecológicas”, vendidas entre 236 mil e 248 mil euros (entre R$ 717,3 mil e R$
753,8 mil), além de duas piscinas, quadra de tênis, campo de golf, sauna,
centros de lazer e ainda um hotel e um restaurante, abertos ao público em
geral.
“Estamos chocados e somos desfavoráveis”, disse Michel
Germain, presidente da associação francesa de gays aposentados, que luta contra
o isolamento, em entrevista à radio “RTL”.
“Não aprovo a ideia de viver em gueto como ocorre nos
Estados Unidos ou na Alemanha, onde há condomínios desse tipo. Os gays não
devem criar um grupo à parte”, afirma .
Para Catherine Tripon, porta-voz da associação Outros
Círculos, que luta contra a homofobia, “é preciso entender que os gays
aposentados viveram em outra época, em um período onde a homossexualidade era
(considerada) um crime ou uma doença”.
O prefeito do vilarejo de Sallèles d’Aude, Yves Bastié,
afirma “ter caído das nuvens” quando soube, recentemente, que o condomínio terá
moradores gays.
Ele havia concedido em janeiro as autorizações para
construir. “Quando assinei os documentos, o projeto não era esse e poderia ter
sido um motivo para recusá-lo”, diz o prefeito do vilarejo de 3 mil habitantes.
Bastié, que ressalta não ser homofóbico, lamenta “ter sido
colocado diante do fato consumado e não ter podido informar os habitantes do
vilarejo previamente”. Mas ele destaca o impacto financeiro positivo do
projeto.
O prefeito convocou reuniões de emergência com os moradores
para explicar a situação. Nesses encontros, segundo a imprensa francesa, alguns
habitantes afirmaram temer a criação de um gueto no local.
Outros fizeram comentários irônicos e até mesmo discursos
homofóbicos. Mas também há moradores que destacam o lado positivo do
investimento, que deverá atrair novos consumidores ao vilarejo onde várias
lojas têm sido fechadas nos últimos tempos em razão da crise.
“O problema é que na França as pessoas têm a visão de que um
local para aposentados deve ser um asilo onde as pessoas vão para morrer”, diz
Silver, à “BBC Brasil”. “Os franceses não entendem que pode ser um lugar com
estilo de vida para pessoas ativas e não algo para quem precisa de cuidados
médicos”, afirma.
Fonte: Parou Tudo
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