quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Condomínio para gays idosos causa polêmica na França


Está causando polêmica o condomínio residencial destinado a LGBT com mais de 50 anos no
sudoeste da França. O empreendimento do The Villages Group recebeu críticas de ativistas arco-íris, do prefeito e de moradores do vilarejo de Sallèles d’Aude, nos arredores do condomínio.

O projeto, segundo contou, à “BBC Brasil”, o diretor da empresa, Danny Silver, só mirou os gays depois de ter encalhado. “É puro negócio. Quando começamos a vender as casas, em junho, o mercado estava muito fraco. Tivemos então a ideia de visar a clientela gay, com alto poder aquisitivo”.

O condomínio para gays e lésbicas terá 107 casas “ecológicas”, vendidas entre 236 mil e 248 mil euros (entre R$ 717,3 mil e R$ 753,8 mil), além de duas piscinas, quadra de tênis, campo de golf, sauna, centros de lazer e ainda um hotel e um restaurante, abertos ao público em geral.

“Estamos chocados e somos desfavoráveis”, disse Michel Germain, presidente da associação francesa de gays aposentados, que luta contra o isolamento, em entrevista à radio “RTL”.

“Não aprovo a ideia de viver em gueto como ocorre nos Estados Unidos ou na Alemanha, onde há condomínios desse tipo. Os gays não devem criar um grupo à parte”, afirma .

Para Catherine Tripon, porta-voz da associação Outros Círculos, que luta contra a homofobia, “é preciso entender que os gays aposentados viveram em outra época, em um período onde a homossexualidade era (considerada) um crime ou uma doença”.

O prefeito do vilarejo de Sallèles d’Aude, Yves Bastié, afirma “ter caído das nuvens” quando soube, recentemente, que o condomínio terá moradores gays.

Ele havia concedido em janeiro as autorizações para construir. “Quando assinei os documentos, o projeto não era esse e poderia ter sido um motivo para recusá-lo”, diz o prefeito do vilarejo de 3 mil habitantes.

Bastié, que ressalta não ser homofóbico, lamenta “ter sido colocado diante do fato consumado e não ter podido informar os habitantes do vilarejo previamente”. Mas ele destaca o impacto financeiro positivo do projeto.

O prefeito convocou reuniões de emergência com os moradores para explicar a situação. Nesses encontros, segundo a imprensa francesa, alguns habitantes afirmaram temer a criação de um gueto no local.

Outros fizeram comentários irônicos e até mesmo discursos homofóbicos. Mas também há moradores que destacam o lado positivo do investimento, que deverá atrair novos consumidores ao vilarejo onde várias lojas têm sido fechadas nos últimos tempos em razão da crise.

“O problema é que na França as pessoas têm a visão de que um local para aposentados deve ser um asilo onde as pessoas vão para morrer”, diz Silver, à “BBC Brasil”. “Os franceses não entendem que pode ser um lugar com estilo de vida para pessoas ativas e não algo para quem precisa de cuidados médicos”, afirma.
Fonte: Parou Tudo
 

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