Emerson Machado, jornalista, morador de Curitiba, 22 anos,
tem quatro livros publicados. O mais recente,
“Mamães e Papais”, da editora
mineira AAATCHIM!, fala sobre filhos adotados por casais homossexuais. No
lançamento do livro, que aconteceu em junho em Curitiba, estiveram presentes
vários casais gays que levaram seus filhos para comprar o livro.
Segundo Emerson, a lei não fala sobre gays adotando
crianças. Aqueles casais que decidem adotar dão um drible no caminho legal e
fazem a adoção em nome de um dos dois, como se fosse a ação de um solteiro, com
toda a dificuldade que isso acarreta ao processo de seleção.
“Eu sou homossexual, tenho alguns amigos que querem adotar,
já visitei orfanatos para saber como funciona e a questão é que não faltam
crianças precisando ser adotadas e não faltam casais homossexuais querendo adotar.
Eu próprio quero adotar uma criança, tenho vontade de ter uma família. Por que
para mim tem que ser tão complicado?”, diz ele. ”Agora que os gays podem se
casar, espero que a lei seja alterada com relação à adoção.”
Sobre “Papais e Mamães”, ele explica que é dedicado aos
pais, mas escrito com uma linguagem de que as crianças gostam. “É indicado a
partir dos 8 anos de idade, quando os pais tiverem que lidar com aqueles
inevitáveis porquês. Trata a homossexualidade como uma coisa natural. É um fato
da vida, não tem como fugir desse assunto.”
A literatura de Emerson é quase toda baseada na defesa de
causas que ele considera importantes. Dois dos livros anteriores tratam de
doação de órgãos (“Investigador de Sótãos” (2009) e “Rua Número 12” (2012)). O
primeiro, “Nevon – O Pacto de Morte” (2008) é uma aventura fantástica voltada
para os adolescentes.
Seu best-seller até agora é “O Investigador”, que vendeu 30
mil cópias e em 2011 foi selecionado pelo Programa Nacional Biblioteca da
Escola (PNBE), do MEC.
“Ainda não dá para viver dos livros”, conta ele. “Trabalho
em uma multinacional, na área de comunicação.”
Leia a seguir um trecho de “Mamães e Papais”
— Você gosta de ter duas mães?
— Gosto — respondeu Otávio sem hesitar. — Elas cuidam de
mim, me dão carinho e não deixam que falte nada. Imagine se eu ainda morasse no
orfanato… Eu não estaria feliz como estou agora.
— E você não tem pena das outras crianças que não têm dois
pais nem duas mães, ou nem pai e mãe?
— Eu tenho, disse Otávio. — Porque as minhas mães disseram
que tem muitas mamães e papais que queriam ter filhos, mas não sei quem não
deixa eles pegarem essas crianças não sei por quê.
— E as crianças continuam sem ninguém?
— Sim. Não é triste?
— Muito.
Fonte: IGual
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