No início da tarde da última segunda-feira (5), a atriz
australiana Miranda Otto, Glória Pires e o diretor
Bruno Barreto se reuniram em
um hotel de São Paulo para conversarem com os jornalistas sobre o filme Flores
Raras, que narra a história de amor entre a poeta norte-americana Elizabeth
Bishop e a arquiteta autodidata Lota de Macedo Soares.
Glória ressaltou que o filme estreia em um bom momento para
discutir o movimento GLS. "O filme vem em um momento importante. A
discussão já está aberta e é um tema que vem sendo discutido intensamente. Acho
que o filme vem acrescentar. Mostra as duas em uma vida comum. Desmistifica um
pouco esse universo gay. São pessoas comuns que têm anseios, medos, seres
humanos. É interessante o tempo em que o filme acontece", afirmou.
"O fato de ser uma personagem homossexual não foi
problema, foi uma solução. Tem 40 e poucos anos que trabalho como atriz, maior
parte fazendo telenovelas. Sempre tentei fugir às regras, mas você sempre acaba
enquadrado, no bom e no mau sentido. Quando esse convite veio para mim, eu dei
pulos. Foram 17 anos esperando esse filme acontecer. Foi um presente",
disse.
Diretor do longa, Bruno Barreto contou que a ideia do
projeto veio de sua mãe, Lucy Barreto. "Minha mãe comprou os direitos do
livro em 1995, ofereceu para mim, porque achou que eu era o diretor certo para
o filme. Não me interessou. Hector Babenco também não se interessou. Minha
ex-mulher fez um monólogo, feito pela Regina Braga no teatro, em 2000. Quando
vi a Amy fazendo o monólogo, vi que tinha alguma coisa ali. Li o livro e a
cosquinha foi aumentando”, explicou.
“De 2004 a 2008, levei esse tempo tentando achar o ângulo.
Não é suficiente ela ter vindo pro Brasil. É uma história de amor, porque quero
contar essa história. O que permeava era a perda. Uma não sabia lidar com as
perdas. Agora, a bêbada, a disfuncional, vai ficando mais forte porque ela lida
com as perdas. Então, quis contar uma história de amor para falar da
perda", finalizou.
O filme será distribuído para alguns países árabes, Coreia
do Sul e para os Estados Unidos. "Eu não acreditei quando me falaram que
países árabes queriam um filme com uma história com temática homossexual",
disse Paula Barreto. "Estará em cartaz em cinco cidades americanas em
novembro. Todas as audiências dessas sessões contam para prêmios e o filme tem
uma grande chance de concorrer ao Oscar. Ele estreia em novembro para estar
apto para concorrer a esses prêmios de melhores atrizes com a Miranda Otto e a
Glória Pires", completou a produtora.
Miranda Otto, que vive Elizabeth Bishop, também comemorou
ter sido chamada para o papel. "Me sinto sortuda por ser convidada para
vir ao Rio e fazer o filme. Quando recebi o convite por e-mail, mal pude
acreditar. Fiquei maravilhada com a beleza natural, a gentileza do povo
brasileiro e toda beleza que encontrei aqui durante o período da filmagem",
disse a atriz australiana, que tem entre seus principais trabalhos o filme O
Senhor dos Aneis.
Miranda lamentou não ter aprendido muito a língua
portuguesa, mas disse que, por sorte, ela não era o forte de seu personagem.
"Aprendi a falar ‘thank you’ (‘obrigada’) e pedir três copos de cachaça, o
que é útil. Viver uma pessoa real me exige mais responsabilidade, preciso ter
mais respeito. Cheguei uma semana antes das filmagens, tive que me preparar
muito. Fiquei feliz, porque ela não falava bem português".
Glória Pires também falou sobre a dificuldade em fazer um
filme quase que completamente em inglês. "Foi bastante complicado. As
cenas de emoção me preocuparam. Na hora da emoção, você vai para o seu
cantinho, para o seu conforto", disse. "Sempre achei a Glória um
monstro. Uma das maiores atrizes que eu conheço. Sabia que era um monstro em
português, mas é um monstro em inglês também. Penelope Cruz e Antonio Banderas
não vingaram nisso e moram nos Estados Unidos. Fiquei de boca aberta. Não sei o
segredo, viu. Fazer isso em uma língua que não é a sua, é genial", elogiou
Barreto.
Fonte: Terra
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