sexta-feira, 30 de agosto de 2013

“Queridos héteros”: Poetisa lésbica arrasa na performance e crítica à heteronormatividade.

A poetisa lésbica premiada Denice Frohman chama a atenção em suas performances de poema falado. Ela recita seus poemas de forma improvisada, sem texto. Em “Queridos héteros” ela arrasa apontando como a heteronormatividade é algo cruel, usando de humor e razão, passando um recado profundo com muita didática e doses de ironia. Genial!
“Queridos héteros: Sexualidade e gênero, duas coisas diferentes. Combinadas em maneiras diferentes mas não as confunda. Se você errar o par de meias, vai entender”, diz ela que ainda descreve diversas situações, o final, mais tocante, ela fala do preconceito e de como jovens gays tentam se esconder do mundo e das dificuldades.

Traduzimos todo o texto para você. Confira a performance incrível:
 
 
 
 
Queridas pessoas héteros,
Quem vocês pensam que são? Você tem que tornar tão obvio que eu que te deixo desconfortável? Por que eu te deixo desconfortável? Você sabe o que me deixa desconfortável agora? Agora estamos os dois desconfortáveis

Queridas pessoas héteros,
Vocês são a razão de nós ficarmos no armário. Vocês são a razão porque os armários existem! Eu não gosto do armário mas vocês tornaram a sala de estar num lugar incompartilhável, e agora eu me sinto uma visita na minha própria casa.

Queridas pessoas héteros,
Sexualidade e gênero, duas coisas diferentes. Combinadas em maneiras diferentes mas não as confunda. Se você errar o par de meias, vai entender.

Querido Hip Hop,
Porque estão fascinados em começar a fazer músicas gays? Me dê um rap. Pessoas gays mordem, compram e comem todo tipo de comida. 

Queridas pessoas héteros,
Eu não acho que Deus tenha uma orientação sexual. Mas se ela for hétero é a favor das drogas. Porque então ela teria criado o arco-íris?

Queridas mulheres hétero, quero dizer, “mulheres hétero” (aspas)
Me deixem em paz!
Queridos homens hétero,
Se eu flerto com você eu estou apenas me divertindo, apenas dê risada.
Queridas pessoas héteros,
Eu estou cansada de ter que provar que o meu amor é autentico, então estou convocando um plebiscito na sua bunda. Quando você escolheu ser hétero? Isso aconteceu porque os seus pais eram divorciados? Isso aconteceu porque você cheirou muita cola na quinta série?

Queridas pessoas héteros,
Por que vocês me encaram quando eu estou andando de mãos dadas com as minhas namoradas, como se eu fosse te assaltar?
Queridas pessoas héteros,
Você me faz ter vontade de te assaltar!
Queridos aliados héteros,
Obrigado, mais por favor.

Queridos valentões héteros,
Você está certo quando afirma que não temos os mesmos valores. Você mata tudo que é diferente, e eu preservo.
Diga-me, o que aconteceu com Jose Montalvo, Sakia Gunn, Lawarence King, me diga o que aconteceu com as almas alienadas entre muitas paredes do colegial, que planejaram os detalhes de suas mortes nas aulas de matemática. Que imaginaram seus funerais como paradas de papéis picados, que pensaram que a vida após a morte seria uma festa depois da hora. Sabia que este ódio continua vivo e bem em muitos refeitórios?  Ensinado no silêncio de muitos professores, passado como roupas de segunda mão por muitos pais.

Queridas pessoas héteros,
Beijar a minha namorada em público sem precisar olhar para ver quem está observando é um luxo que eu ainda não tenho totalmente, mas esta noite eu estou embebedada na minha liberdade, vou segurar as mãos delas na esquina da rua mais movimentada da cidade mais cheia, fechar meus dedos nela e apertar seus lábios firmemente, até nós nos derretermos em pé, imagine que nos estamos em um mar de sorrisos quando nós não estamos, e mesmo não estando, continuamos a nos tocar, cavando cada vez mais fundo nos olhos uma da outra, e dizemos: “Amor, nada pode nos interromper esta noite. Esta noite este mundo está quebrado e nós somos a única coisa que nos manterá juntas!”
Queridas crianças jovens gays
Eu te vejo. Você não quer que eles te vejam, então você muda os pronomes nos seus poemas de amor. Eu costumava fazer isso. Eu não faço mais. Eu te vejo.  
Revista Lado A

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