O texto abaixo é longo, mas vale a pena ser lido e acima de tudo entendido. O respeito ao próximo é válido para qualquer idade e a qualquer hora.
Uma blogueira norte-americana, chamada Katie Vyktoriah Reed,
e autora do AMotherThing.com postou em seu site um desabafo, depois que seu
filho de apenas 2 anos virou motivo de chacota em um Walmart. Tudo porque o
pobre garotinho gosta da cor rosa e estava usando uma presilha no cabelo.
Leia o comovente post na íntegra (a tradução foi feita pela
equipe do Gajjo e não é literal):
“Este é o Dexter. Ele tem 2 anos de idade. Ele ama brincar
de ser o Batman, Super Homem e o Homem Aranha. Ele é um garoto de verdade.
Finge que está voando e que captura os malvados que nos ameaçam.
Ele é o bagunceiro mais fofo que vocês possam conhecer.
Algumas coisas que você deve saber sobre Dexter.
Ele é um irmão mais velho fabuloso. Ele amadurece mais
lentamente e tem um bom vocabulário. Ele costumava ser muito tímido, mas
recentemente ele tem saído de sua “concha”. Ele ama novas pessoas e gosta de
cumprimentar todo mundo com um caloroso “Oi!”.
A cor preferida dele é o rosa. Ele ama o desenho “Dora, a
exploradora” e é conhecido por usar minhas saias como vestidos. Dexter ama um
“dengo” da mamãe!
Na noite de ontem, levei meus dois filhos para comprar
algumas coisas no Walmart. Mark (o marido da autora) teve que dar uma
organizada em seu trabalho, então decidi me aventurar sozinha com os meninos,
coisa que não costumo fazer com frequência. É muito trabalhoso arrumar as
crianças, colocar e tira-los do carro, encontrar um carrinho de compras,
mantê-los felizes enquanto eu faço as compras e chegar em casa “intactos”.
Vocês pais entendem o que quero dizer.
Depois de colocar roupa e sapatos no Dexter, ainda tive que
arrancar um urso de pelúcia gigante dos braços dele, pois tinha decidido que
queria levá-lo conosco. Claro que isso resultou em choradeira e birra, que, de
alguma forma, eu consegui apaziguar bem rapidamente. Mas, quando tentei tirar
uma presilha de renda roxa em formato de flor do cabelo dele (que, inclusive,
ele passou o dia inteiro usando), vi que outra briga estava prestes a começar.
Então, para evitar mais uma birra, deixei ele ir usando o acessório. Afinal, a
quem ele estava machucando?
Chegando no supermercado, eu consegui magicamente colocar o
Dexter no carrinho sem nenhum problema. O fato de que ele estava usando uma
presilha feminina e super fofa fez com que ele se sentisse bem, então ele todo
cheio de si acenava para as senhorinhas como se fosse um príncipe em uma
carruagem. Até tirei uma foto dele depois que duas mulheres vieram me dizer o
quão adorável ele é.
Ele estava arrasando com aquela presilha.
Logo acabamos de fazer as compras e enquanto seguíamos para
o caixa, ao passarmos pela seção de Beleza, duas adolescentes começaram a rir e
uma delas me perguntou ”Isso é um menino ou uma menina”? Eu sorri e respondi
“Ele é um menino”. Olhei para ele e lhe fiz um carinho enquanto elas
continuavam rindo.
Do nada, uma voz grossa e alta: “ISSO é um MENINO?!”. Um
grandalhão, de barba cheia, camiseta camuflada, short rasgado e botas gritava
em nossa direção. Eu podia sentir o fedor de cigarro e bebida vindo dele.
“Sim”, eu respondi seca, mas ainda sorrindo.
De repente, o homem avançou e arrancou a presilha do cabelo
do Dexter e a jogou no nosso carrinho de compras. Depois, passou o braço em
volta da cabeça do Dexter (não foi com força, mas o ponto não é esse) e disse
com uma risada malvada e alta “Você vai me agradecer depois, homenzinho”.
Na mesma hora que eu fui pra cima do homem, Dexter segurou a
parte do cabelo em que o homem encostou, apontou o dedo para ele, pisando
forte, gritou “Não!”. Entrei no meio dos dois e disse para o bêbado “Se você
encostar no meu filho mais uma vez, eu vou arrancar suas mãos!”.
O cara me encarou, olhou para o Dexter com nojo e disse “Seu
filho é uma bichinha desgraçada (em inglês o termo que ele usou “Fucking
faggot“). Virou as costas e antes de sair completou “Ele ainda vai levar um
tiro um dia”.
Eu fiquei lá, parada, tremendo com os pulsos cerrados,
esperando o homem sair pela porta do supermercado. Então, fiquei arrasada.
Estava tremendo tanto, segurando as lágrimas para poder confortar meu filho.
Nem uma pessoa sequer disse ou fez alguma coisa. Várias
presenciaram a cena, mas ninguém veio para me oferecer apoio ou consolar a mim
e ao meu filho.
Deixa eu repetir para vocês: Dexter tem 2 ANOS DE IDADE.
Eu estava lá, com um menino de 2 anos e um bebê de 5 meses,
e meu filho foi verbal e fisicamente agredido por um homem. E ninguém fez
absolutamente nada.
Segui para o caixa, ainda em choque, paguei pelas minhas
compras e fui embora. Eu não comuniquei nem a gerência do supermercado, nem as
autoridades, apesar de estar pensando em fazer isso. Mas, como eu moro em uma
cidade turística, eu duvido que há alguma coisa que eu possa fazer para
encontrar esse homem – ele pode ser de qualquer parte do mundo.
Já se passaram 24 horas e eu já me desabafei no Facebook,
recebendo vários comentários de apoio. Já estou mais calma e consigo olhar para
a situação de uma maneira bem mais objetiva.
Tanta coisa errada aconteceu lá que eu nem sei por onde
começar.
Aquele homem retirou um artigo de roupa que meu filho estava
usando. Não importa que tenha sido uma presilha.
Aquele homem tocou meu filho sem meu consentimento. Ele
achou que seria “engraçado”. EU NÃO ACHEI.
Ele atacou meu filho com palavras extremamente degradantes e
ainda sugeriu que ele merece morrer.
Isso é o significado de INTOLERÂNCIA.
Um homem adulto, que se acha o sabidão, decide que está tudo
certo “ensinar” meu filho o que é ser “macho”. Ele achou que é correto julgar
meu filho porque ele não estava adequado às ideias machistas do que um garoto
deve ser. Claramente, aquele homem é um homofóbico, o que já é ruim o bastante
– mas, não obstante, tentou atribuir tendências gays a um menino de DOIS ANOS.
Isso é RIDÍCULO.
Uma criança de 2 ANOS NÃO TEM SEXUALIDADE.
Acreditar que vc pode “ensinar” uma criança a ser de uma
determinada maneira é inaceitável. Mesmo que ser gay fosse uma escolha de vida
(o que eu não acredito), não é uma escolha que uma criança possa fazer. E da
mesma forma que meninas podem jogar baseball ou gostar de carrinhos, meninos
podem se vestir com as roupas da mãe, usar acessórios, maquiagem e etc.
Tudo é novo e empolgante para crianças, já que elas estão na
fase de descobertas.
Meu marido e eu somos completamente apoiadores de toda forma
de amor. Seja você gay, hétero, bissexual, transexual ou poligâmico, isso só
diz respeito a VOCÊ MESMO. Eu não julgo, não tento mudar ninguém.
E, quando meus filhos crescerem e perceberem que são alguma
das formas que citei acima, isso não mudará em nada a maneira como eu me sinto
com relação a eles.
Mas, agora mesmo, o fato de que homofobia está tão presente,
que o casamento gay é ainda visto como sujo porque homossexuais são
“inferiores” e, de alguma maneira, não merecem ter os mesmos direitos que
pessoas héteros, como aquele homem no Walmart, me faz sentir muito medo pelos
meus filhos e o futuro deles.
Mesmo que eu e meu marido vamos apoiar e aceitar nossos
filhos da maneira como eles forem, eu estou extremamente assustada com como seria
se eles fossem realmente gays. Por que eles devem viver com medo, simplesmente
porque amam pessoas do mesmo sexo? Por que pais e mães de crianças gays devem
ir dormir com mais uma preocupação, pois o mundo não aceita e está contra seus
próprios filhos?
Por que isso importa? Você realmente acha que seu Deus ou
seu Jesus ou sua crença seria tão julgador como você é? Até mesmo o PAPA disse
que não é um problema ser gay.
Mas, deixando isso de lado, em qualquer instância, é
ultrajante que alguém permita que um adulto julgue e maltrate uma criança por
suas crenças, como adulto. E NUNCA ESTÁ CERTO TOCAR uma criança que não é sua
sem permissão. TODO MUNDO, inclusive as crianças, merecem RESPEITO.”
O post original está no site da mãe, que está fora do ar
momentaneamente, seguindo orientações da polícia, que investiga o caso.
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